Os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, reunidos de 24 a 28 de Setembro de 2024, na Arquidiocese de Luanda, mostraram-se preocupados com o rumo que Angola está a tomar.
No comunicado final que foi lido a imprensa, é mencionado a existência de “ambiente sombrio”, caracterizado por níveis altos de “ansiedade, nervosismo, inquietação, incerteza, perplexidade, descrédito e desilusão”.
Em relação aos partidos políticos e a linguagem por eles usada, quer na relação entre si, quer na mensagem que procuram passar aos cidadãos, o comunicado realça que ela – a linguagem – está neste momento “muito longe de incluir, reconciliar, pacificar, unir, alegrar, animar e de reacender a confiança”.
A situação social é ainda, segundo os Bispos, caracterizada por estratégias e actos que privilegiam a pertença a um partido político em detrimento do ser cidadão. “O protagonismo social ainda é o do militante e não o do cidadão”. O ambiente que se cria a volta dessa realidade é o que “mantém a nossa sociedade enferma e refém da bipolarização e da rotulação” – sublinham os Bispos.
Uma preocupação permanente da CEAST, refere o documento, tem a ver com um estilo de vida e de comportamento de que as pessoas estão a adoptar mais e mais vezes. É que as pessoas hoje agem “na base da intriga, da falsidade, do ódio, da calúnia, da indiferença, da discriminação, da bajulação, do calculismo, do egoísmo, da divisão e do descompromisso com o bem comum”. Esse descompromisso, sublinham os Bispos, é tão grande que não respeita nem mesmo o “bem dos mais desfavorecidos”.
O ano escolar arrancou no início do mês de Setembro e o quadro não é dos mais agradáveis de se ver. Os Bispos atentos ao que se passa nos territórios das suas Arquidioceses e Dioceses, referem o seguinte: “provoca-nos grande tristeza e dor a exclusão de milhares de crianças e adolescentes fora do sistema de escolar, o que hipoteca o seu futuro e o da própria Nação”.
No documento saído da Segunda Assembleia Anual da CEAST, que denota ter sido feita uma análise criteriosa a actual situação do país – fome, pobreza e subdesenvolvimento –, sobretudo nestes últimos tempos, os Bispos aconselham o “executivo a priorizar politicas tendentes à redução do custo da cesta básica, por causa dos pesados e insuportáveis impostos de vária ordem, responsáveis pela falência de muitas empresas nacionais, abrindo caminho à perigosa perda de independência económica, com todas as nefastas consequências para a vida social das famílias e dos indivíduos”.
Em 2025, Angola celebra cinquenta anos de existência como país. As celebrações e comemorações estão em andamento e é nesse âmbito que os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé pedem que se colabore na “realização de um verdadeiro exame de consciência nacional, tendente à superação da intolerância e à busca de uma verdadeira reconciliação nacional”.
Os Bispos estiveram reunidos em Assembleia Anual, desta vez na Arquidiocese de Luanda, nos dias que foram de 24 a 28 de Setembro.
Sammy de Jesus