“Se no passado, mesmo em nome da religião, se discriminaram as minorias étnicas, culturais, políticas e outras, hoje queremos ser defensores da identidade e dignidade de toda a pessoa e ensinar as novas gerações a acolherem a todos sem discriminações. Por conseguinte, a educação compromete-nos a acolher o outro como ele é, não como eu quero que seja, como é e sem julgar nem condenar ninguém”, disse o Papa este 5 de outubro, no Vaticano, no Encontro Religiões e Educação: Pacto Educacional Global
“Hoje, no Dia Mundial dos Professores instituído pela UNESCO, queremos como Representantes das Religiões manifestar a nossa proximidade e gratidão a todos os professores e, ao mesmo tempo, a nossa solicitude pela educação.”
Foi o que disse o Papa Francisco no discurso esta terça-feira (05/10) na Sala Clementina, no Vaticano, no Encontro “Religiões e Educação: Pacto Educativo Global”. Pela primeira vez, representantes das religiões se encontraram para partilhar seu compromisso em âmbito educacional.
O Santo Padre lembrou que há dois anos – no dia 12 de setembro de 2019 –, dirigiu um apelo a todos aqueles que intervêm, por variados títulos, no campo da educação para “dialogar sobre o modo como estamos construindo o futuro do planeta e sobre a necessidade de investir os talentos de todos”, porque “toda a mudança precisa duma caminhada educativa para fazer amadurecer uma nova solidariedade universal e uma sociedade mais acolhedora”.
Renovar a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva
Francisco explicou que, com esta finalidade, promoveu a iniciativa dum Pacto Educativo Global, “para reavivar o compromisso em prol e com as novas gerações, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão”, convidando todos a “unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna”.
O Pontífice lembrou que o princípio fundamental “conhece-te a ti mesmo” orientou sempre a educação, mas é necessário não descurar outros princípios essenciais: “conhece o teu irmão”, a fim de educar para o acolhimento do outro; “conhece a criação”, a fim de educar para o cuidado da casa comum; e “conhece o Transcendente”, a fim de educar para o grande mistério da vida.
Religiões sempre tiveram relação estreita com a educação
“Temos a peito uma formação integral que se resume no conhecer-se a si mesmo, ao próprio irmão, à criação e ao Transcendente. Não podemos esconder às novas gerações as verdades que dão sentido à vida.”
O Papa frisou ainda que as religiões sempre tiveram uma relação estreita com a educação, acompanhando as atividades religiosas com as educativas, escolares e acadêmicas. “Como no passado – acrescentou -, também hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas tradições religiosas, ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa fazer crescer no mundo a fraternidade universal.”
Educar as novas gerações para uma convivência pacífica
“Se no passado as diferenças nos puseram em contraposição, hoje vemos nelas a riqueza de caminhos diversos para chegar a Deus e educar as novas gerações para uma convivência pacífica no respeito mútuo.”
Por conseguinte – observou -, “a educação compromete-nos a jamais usar o nome de Deus para justificar a violência e o ódio contra outras tradições religiosas, a condenar toda a forma de fanatismo e fundamentalismo, e a defender o direito de cada um escolher e agir segundo a própria consciência”.
Ensinar novas gerações a acolher a todos sem discriminações
“Se no passado, mesmo em nome da religião, se discriminaram as minorias étnicas, culturais, políticas e outras, hoje queremos ser defensores da identidade e dignidade de toda a pessoa e ensinar as novas gerações a acolherem a todos sem discriminações.”
Por conseguinte, ”a educação compromete-nos a acolher o outro como ele é, não como eu quero que seja, como é e sem julgar nem condenar ninguém.”
Ensinar às novas gerações a serem voz dos que não têm voz
“Se no passado os direitos das mulheres, dos menores e dos mais frágeis nem sempre foram respeitados, hoje comprometemo-nos a defender com firmeza tais direitos e a ensinar às novas gerações a serem voz dos que não têm voz.”
Por conseguinte, “a educação insta-nos a rejeitar e denunciar toda a violação da integridade física e moral de cada um.”
Formar as novas gerações para um estilo de vida mais sóbrio
“Se no passado – continuou ainda o Papa Francisco – toleramos a exploração e o saque da nossa casa comum, hoje, mais conscientes do nosso papel de guardiões da criação que nos foi confiada por Deus, queremos ser voz da natureza que clama pela sua sobrevivência e formar as novas gerações para um estilo de vida mais sóbrio e ecossustentável.”
Por conseguinte, concluiu, “a educação compromete-nos a amar a nossa mãe-terra e a evitar o desperdício de alimentos e recursos, bem como a partilhar mais os bens que Deus nos deu para a vida de todos”.